sexta-feira, 23 de julho de 2010

Bomba-relógio

De dentro do carro,o mundo parecia tão tranquilo,tão...Normal.Eu achei que tudo ia estar tão diferente desde que eu sai de casa,mas não.Tudo continuou em seu ciclo...Os pais trabalhavam,as crianças corriam umas atrás das outras...Como se o mundo não tivesse nada de especial,como...Bem,como eu.
Fiquei pensando nisso, até que o motorista do táxi disse:
-Moça?Já chegamos.Quer ajuda com a mala?-ele sorriu.
Eu me virei para ele meio atordoada,chegamos tão rápido...
-Ah,claro...Pode me ajudar com a maior,por favor...
Eu sai do carro delicadamente para não estragar meu vestido tomara-que-caia verde claro.Dei uma ajeitada na saia balone e fui para o porta mala pegar minha "pequena" mala,o taxista me entregou-a e eu fui em direção a porta.A porta da minha casa!
Esperei até o taxista partir e comecei a correr em direção a porta.Nem sequer me dei ao trabalho de bater ou tocar a campainha,não,eu abri direto.Comecei e chamar pela minha mãe, e claro não demorou muito para obter uma resposta.Nós nos abraçamos,nos beijamos,e ficamos ali,rindo feito duas crianças,duas amigas que não se viam a muito tempo.Eu me senti tão leve,tão feliz,tão mais a Lualee que não tem com que se preocupar do que com a que tem que cuidar de quase que uma civilização inteira...Eu me senti simples.
E a noite-eu havia chegado aqui as 20:34-passou tão rápido,que fiquei indignada com o tempo,que não me deixava aproveitar esse momento.
-Porque você está fazendo isso,você não faz isso desde que eu tinha 7 anos...-sorri para a minha mãe,que acariciava meus cabelos e colocava o cobertor sobre mim.
Ela se sentou ao meu lado na cama.
-Você vai ser sempre uma criança pra mim Lua,não importa a idade que tenha-ela sorriu depois olhou envolta-Você gostou do seu quarto?Fiz enquanto você estava fora,eu sei que você já tem 14,mas eu achei que ia gostar do seu quarto assim.
Olhei em volta junto com ela,era um quarto completamente azul,a porta ficava do lado direto de onde a cama estava,uma mini-varanda ficava do lado oposto do da porta,ela tinha mornin glorys se entrelaçando em todas as barras,eram as minhas flores favoritas.Na parede de frente para a cama,havia uma lua pintada no alto no canto esquerdo,e no resto da parede milhares de estrelas espalhadas brilhavam em prata.Um Armário do lado da porta,de madeira clara,grande e cheio de espaço para roupas que eu não tinha.E acima da minha cama,um mobile repleto de fotos das férias que eu e a minha mãe passávamos juntas.
-Eu gosto-respondi-Ficou lindo...
-Lua,sem querer ser chata,mas você sabe que dia é hoje não sabe?
-Não...Que dia é hoje,as aulas vão começar e eu quero começar a me arrumar amanha mesmo.-olhei para ela.
-Faltam 6 dias Lua,a aula começa dia 30.Se quiser estar pronta,vai mesmo ter que começar a se arrumar amanha.Eu achei melhor começar a comprar as coisas antes de você chegar,então eu já comprei seus livros e os seus cadernos...Tudo bem?
-Tudo...-geralmente eu e a minha mãe fazemos as compras escolares juntas,mas pelo visto dessa vez foi diferente.
-Boa noite Lua,tenha bons sonhos-ela beijou minha testa e apagou as luzes,indo embora.
Fiquei um bom tempo acordada.Fui até a varanda e fiquei olhando o jardim que a minha mãe havia feito,tinha uma árvore com um balanço de pneu.Igual a minha casa antiga...Eu ri comigo mesma,só a minha mãe mesmo.
Sentei na minha cama novamente e peguei meu celular na mesa de cabeceira.Digitei uma mensagem:
Vc está bm?a Natasha já dormiu?como
ela está?cuida dela pra mim Bel,vou
sentir saudads,eu ainda volto (;
bons sonhooos ;*
Enviei.E fiquei olhando para o celular,como se ele fosse uma bomba-relógio pronta para explodir.Mas a bomba não explodiu,e eu acabei deitando,cansada mas com medo de tudo ser um sonho acabei afundando em um sono transparente e sem sonhos.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Mundo Normal

-Ora,não venham correr na minha estufa pelo amor de Deus!-Belinda pegou um vaso de orquídea que estava em nosso caminha e levantou-o na altura do peito enquanto Natahsa passava por baixo rindo.-Aaah...Não...Lua,lua,LUALEE!!!-ela me chamou mais eu não escutei.
Entrei correndo no campo de visão de Belinda e tropecei em algum vaso,o que me fez cair no pequeno lago da estufa,que congelou no instante em que meu cotovelo o tocou.
Aos poucos todo o lago ficou branco, com nuvens de gelo lambendo sua superfície.
-Aaah...Me desculpe Belinda...Estraguei suas vitórias régias?-mordi o lábio inferior.
Natasha veio até mim e puxou minha mão,eu a peguei no colo.Belinda veio até nós e beijou meu rosto.
-Estragou,mais tudo bem,desde que você encomende mais algumas da Amazônia...-ela levantou uma sombrancelha em tom de desafio.-Bom,tudo bem então....Oi Natasha,tudo bem com você?Não vai nem me dar um abraço?-Belinda se ajoelhou no chão e abriu os braços,sorrindo.
Natasha apontou para o ombro esquerdo de Belinda, assustada.No ombro de Belinda havia o maior bicho-pau que havia visto na vida.
-Oh!-ela estendeu um dedo e o bicho subiu na hora.Ela o colocou em uma folha qualquer e se voltou para nós.-Pode vir agora,ainda quero um beijo!
A pequena criança correu e abraçou minha amiga.Dei uma olhada em Belinda,ela era linda,tinha uma beleza exótica;era loira,de um loiro escurecido,tinha olhos verdes acastanhados.
-Olha!Eu tenho uma flor para você-ela costumava faser isso,dar flores para as pessoas e dizer seu significado-Uma camélia rosa...Sabe oque significa?
Natasha fez que não.Os olinhos brilhando enquanto colocava a flor nas mãos.
-A Camélia rosa,tem o significado de grandeza na alma.Combina muito com você.-e depois olhou para mim,e pegando uma flor roxa que estava em um vaso pendurado na parede da mágica estufa,disse.-E para você uma Campânula,que significa adimiração.
-Você vai me ensinar a faser orvalho nas folhas tia Beli?-Natasha se sacudia no colo de Belinda agora.
-Claro,pode me faser um favor querida?Vá no fundo da estufa e pegue um daqueles vazos de plantas mortas.Vamos joga-las na terra,que é o lugar de onde vieram,OK?
Natasha desceu do colo dela e foi para o final da estufa,passando pelas milhares de plantas e flores que nela haviam.
-Então,voce vai hoje mesmo Lua?
-Vou Bel,estou com saudades de minha mãe.Você não ficaria?
-Ah,amiga...Vai ficar tão dificil por aqui sem você.Sabe disso não sabe?Vamos todos sentir sua falta.
-Eu sei,mais bel eu vou ficar bem.Vou voltar em julho está bem?Ninguem vai morrer.
-Vou confiar em você,mais Lua, você sabe que se o conselho achar que está acontecendo alguma coisa eles vão agir...-eu olhava para o lago congelado agora,toquei nele e ele descongelou aos poucos.-Viu?É por isso que agradeço todos os dias por ser da tribo da terra!Vocês, da tribo da água, não conseguem ficar 10 segundos sem se dispersar...
Eu ri para ela.
-Eu nunca gostaria de ser da tribo da terra,sem ofenças, vocês tem tanto medo de pisar em uma formiga que controlam cada passo.Eu ainda não sei como tem tanta paciência com tudo Belinda,mas um dia eu vou descobrir...
-Ficar observando uma rosa brotar até crescer tem sua recompensa...-ela sorriu para mim-Ver ela se abrir.
Abacei ela.
-Ah,Belinda!Vou sentir tanta saudade!-abracei-a mais forte.
-Ei,calminha ai!Você vai voltar,não tem com oque se preocupar!Relaxe na casa da sua mãe por mim pode ser?-ela riu.
-Com certeza.-respondi.
-Então vai,poque se não Natasha vai chorar e eu não vou ter que explicar para ela porque você não a levou junto.-ela olhou para o fundo da estufa.
-Nossa!O tempo passou rápido...-olhei o relógio,20:00.O tempo praticamente voou....
-Tchau Belinda,me deseje boa sorte no mundo normal!
-Boa sorte!
E então,peguei um taxi e,depois de um ano,volto ao mundo normal.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Natasha

Muita gente tem medo de mim graças a isso; meus anos de habilidade em artes variadas,graças as minhas lembranças que tenho de outras vidas.Chicote d'água é uma delas.Catherina me olhava como se duvidasse das minha habilidades com um chicote na mão.Provavelmente achava que era boa demais para perder.Dava pra ver pelo seu olhar que era orgulhosa...Coitada...
Tenho que admitir,fique com pena e comecei de leve com a luta.Movimentos simples e precisos...Mas quando vi que Catherina não levava nada na brincadeira nem facilitava nada...Bem,eu também não facilitei.De movimentos simples para os complicados,comecei a confundi-la.Não facilitei até ver sua testa se franzir,procurando por uma brecha em minha defensiva.Não...Nesse momento eu sorri.Aprimorei minha sequencia na esperança de que isso acabasse logo...
Dei um giro á direita,e parei agachada -eu sabia o que isso a levaria a tomar uma atitude- e ela sorriu achando que finalmente encontrara uma brecha em mim.Ela ricocheteou o chão,na esperança de que a ponta do chicote alcançasse meu queixo e me colocasse para fora do jogo.Mas no momento em que a ponta do chicote ia me acertar,fui para o lado e a deixei bater no nada.E quando o chicote pendeu no chão,eu o peguei e puxei-o com toda a força que tinha, o chicote saiu da mão dela - resultado do pó que ela havia passado nos braços - e eu o enrolei rapidamente na mão.
Ela olhou para mim,assustada,e eu usei os dois chicotes para bater perto o suficiente de seus olhos,um no outro.Catherina caiu de costas no chão e olhou bem dentro dos meus olhos...Nesse momento chicoteei cada chicote o mais perto que podia de seus ouvidos,e Catherina fechou os olhos assustada.Fiquei olhando para seu rosto;suado e branco de medo e uma pontada de fúria.
-Você é boa,só tem que controlar seu orgulho.Não pode ser melhor que todos em tudo.-disse eu,e estendi a mão pra ela.
Catherina abriu os olhos e olhou para a minha mão, mas se levantou sozinha.
-Obrigada pela dica, você também foi boa...-e olhou para mim parecendo decidir se diria algo-Sei que não posso ser melhor que todos em tudo, um dia todos temos que aceitar que não somos bons em tudo Imperatriz.-fez uma reverencia e pegou seu chicote no chão.Saiu com passos firmes e decididos do recinto.
Arregalei os olhos e olhei envolta.Encontrei o professor encostado em uma vara.Ele veio até mim sorrindo.
-Uau!Nossa,foi fantástico mesmo!-ele bateu palmas-Está preparada então,pode sair da escola,ninguém do clã inimigo pode com você...Boa sorte lá fora minha Imperatriz e amiga.-ele sorriu e se curvou.
-Muito obrigada Tíago, acho que vou mesmo levar meu chicote...Nunca se sabe,entende?-eu ri para ele.
-Claro,leve-o sim.Vou mandar trazerem suas coisas.-ele sorriu e olhou para outro professor,que acenou uma mão e correu para uma das portas do lado direito da sala.
E tão logo voltou, com um tipo de bolsa de couro marrom nas mão e as estendeu para mim.
-Muito obrigada Danilo.-agradeci.
Era meu dever lembrar do nome de todos,se não o que pensariam de mim?
Peguei a sacola e fui me dirigindo a porta,antes de sair em virei para todos que estavam me olhando e eu mesma me curvei sorrindo para eles,depois voltei-me para a porta e sai em direção a estufa.
Enquanto caminhava,alguém chamou pelo meu nome.Que me fez pular de susto.
-Lualee!Lua!
Me virei e vi a única pessoa que realmente tinha vontade de me despedir;Natasha.
-Natasha!-ela correu e me abraçou.
Peguei-a no ar girei.Dei um beijo em suas maçãs do rosto e coloquei-a em meu colo.
-Você tem mesmo que ir embora?Fique um pouco mais, Belinda vai me ensinar a fazer orvalho...Não quer vir também?-ela franziu a testa e olhou com toda a inosencia que tinha.
Natasha tinha 7 anos.Era a criança mais nova de todo o clã,e era a minha melhor amiga,basicamente.O pai fugiu de casa quando a mãe ainda estava grávida e quando nasceu,a mãe morreu no parto.Encontramos ela num orfanato, era maltratada pelas pessoas que cuidavam dela.Descobrimos que ela tinha os dons do clã,e trouxemos ela.
-Não posso minha querida,vou ver minha mãe.Não a vejo a um ano,e além disso Wilian e Dorina vão cuidar de você.-sorri para ela e retomei a caminhada até a estufa.-Dorina pode contar histórias para você,Wilian pode preparar todo aquele café da manhã na cama que eu sempre levo todos os dias.Combinado?
Ela fez que sim com o lábio inferior projetado para frente.
-Ótimo,quer vir até a estufa comigo?Vou falar com Belinda,ai você já pode ficar lá para ela te ensinar a faser orvalho,quer vir?-coloquei-a no chão e estendi a mão.
Ela olhou para minha mão e saiu correndo.Rindo, corri atraz dela.